As mãos trêmulas, os olhos cheios de lágrimas e na voz um pedido de socorro. Desesperadas, as famílias não encontram respostas para suas centenas de perguntas. Por que comigo? Onde errei? Aonde buscar ajuda? O que fazer?
A Síndrome da Dependência é uma doença grave e cercada de preconceito, inclusive pelos familiares do dependente.
Itabira tem disponibilizadas centenas de atrações artísticas para todo tipo de público, faixa etária e preferência. Excelente iniciativa para uma cidade que pouco valorizava a arte.
Entretanto, em todos não se encontra uma só mensagem que valorize o cuidado com a vida e a importância da prevenção a qualquer substância que possa causar dependência.
Nada de “Abaixo as drogas”; “Guerra às drogas”. Infelizmente, um marketing criado por pessoas sem o devido conhecimento que desencadeia um resultado contrário.
Itabira precisa de um trabalho responsável com as centenas de vidas que aqui se encontram. Principalmente com os dependentes e seus familiares. Não adianta ser uma cidade conhecida por shows e atrações, enquanto famílias inteiras são destruídas como consequência das drogas cada vez mais potentes e sintéticas, que apresentam um efeito devastador, transformando o usuário, sob o uso, como um zumbi.
Insistentemente, alerto para o alto índice de dependentes químicos no município e que estão jogados à própria sorte. Nenhuma preocupação com eles, assim como a poeira da Vale que invade a cidade e os pulmões de todos como uma fumaça mortal de milhares de cigarros.
Recentemente, Itabira virou notícia nacional. Não foi por nenhuma obra vultosa ou algo que se destacasse no cenário brasileiro. Divulgada como cidade do “homem do poste” Itabira ultrapassou os limites estaduais. Sob efeito de drogas estimulantes, provavelmente sintéticas, o dependente conseguiu ficar 24 horas em cima de um poste, sem comer ou dormir e altamente agitado.
Segundo entrevista concedida pelo pai do “homem do poste”, ele é usuário de múltiplas drogas. Sua residência não possui mais nada. Nem portas e nem janelas. Tudo vendido para comprar drogas. Destruição familiar total.
Demorou para acontecer uma situação como essa. Roubos, furtos, assassinatos, acidentes violentos e óbitos já são rotineiros, apesar da divulgação em toda a mídia local.
Após um comentário em uma rede social, sobre o assunto, recebi uma mensagem dizendo que: “Itabira oferece uma rede exemplar de apoio aos dependentes e familiares. Poucos municípios possuem, inclusive é referência”. (sic)
Solicitei algumas informações sobre o trabalho efetivado. Qual trabalho de prevenção é realizado? Quantas Comunidades Terapêuticas atuantes e quantos profissionais especializados com cursos e trabalhos práticos na sociedade existem em Itabira? Até agora aguardo resposta às minhas indagações.
Infelizmente, não há uma só resposta. Não é uma simples palestra para um pequeno grupo de servidores de uma autarquia que resolve essa tragédia silenciosa que invade sorrateiramente as famílias e matam diariamente.
É a falência das famílias que vivem atormentadas pelo medo e a culpa, sintomas da codependência que também é uma doença. Falam em atenção social. Definitiva e comprovadamente não há na terra de Carlos Drummond de Andrade.
Triste realidade itabirana! E como dói!
Sônia Rodrigues
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