Acabo de acordar de um breve sono, pareceu-me mais um cochilo. Olho o relógio e vejo que já são altas horas. Escuto barulhos e olho pela fresta da janela deste quarto de hotel. Percebo então o vento tocando as folhas das paineiras, num sopro frio e úmido. O verde da mata se torna fosco num tom acinzentado coberto pela fumaça da neblina.
O sol surge agora exuberante, reluzindo na mata que responde à magia desse toque Divino resplandecendo em vários tons de verde, numa harmoniosa troca que encanta a visão.
Penso no coração de uma mulher madura, forte, que na trajetória de sua vida venceu barreiras. Coração exuberante tal qual a paisagem vista pela janela.
Da janela de minha alma vejo o coração adolescente daquela mulher madura, ora adormecido na fragilidade de um amor não vivido. Vejo a sedução tocando esse coração que responde à magia desse toque, despertando, resplandecendo em tons de paixão numa harmoniosa troca que paralisa a razão.
O coração é adolescente, mas a razão é madura. Num embate conflitante entre a razão madura e o coração juvenil, a alma chora, derramando na razão madura a dor que dilacera, queima e se espalha pelo corpo.
O sol se põe e a mata resplandecente se esconde na escuridão da noite. O amor se vai e não consegue esconder a paixão que fica no coração.