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Arraial do Tijuco, atualmente Diamantina, 18 de novembro de 2004. Uma equipe escolhida pelo setor de Turismo da Prefeitura Diamantinense recebe a editoria e lhe apresenta um completo histórico do município, das descobertas de riquezas aos dias atuais. A cidade garantiu o seu futuro estruturando-se em sua História e se firmando no Turismo, asseguram os cuidadores do presente.

HISTÓRIA

Diamantina, início da Estrada Real pela Trilha dos Diamantes, cujas riquezas foram descobertas a partir do século XVII (Foto do Arquivo Notícia Seca)

Diamantina, início da Estrada Real pela Trilha dos Diamantes, cujas riquezas foram descobertas a partir do século XVII (Foto do Arquivo Notícia Seca)

 O português Bernardo Fonseca Lobo, que encontrou no arraial a primeira pedra de diamante, em 1726, teve a sua rota reeditada como a principal aventura que determinou os fatos na época. Notadamente, ele não sabia que estava inaugurando a Trilha dos Diamantes que, no futuro, seria orgulho de mineiros e brasileiros.

A formação da cidade se deu com a descoberta e a exploração do ouro no vale do córrego do Tijuco, pela bandeira liderada por Jerônimo Gouveia. Os bandeirantes partiram do Serro, acompanharam o curso do rio Jequitinhonha até atingir a confluência dos rios Pururuca (“cascalho grosso”, em tupi-guarani) e Grande, onde acamparam, em 1691. Entretanto, não existia, naquele sítio, abundância de ouro, como a princípio se pensava.

As origens do famoso Arraial do Tijuco (ou Tejuco) remontam a 1713, com a atividade dos bandeirantes que permaneceram na região. Nesse local, denominado Burgalhau (atual Rua do Burgalhau, Rua do Espírito Santo e Beco das Beatas), se fixaram os primeiros povoadores.

O fracasso inicial ameaçava o desenvolvimento da povoação, quando os diamantes foram descobertos, em 1720, por Bernardo da Fonseca Lobo e fizeram convergir, para as áreas do Tijuco, a ambição dos habitantes das terras vizinhas, transformando o arraial em lugar de esplendor e grande luxo.

Pequenos arraiais espalhados ao longo dos cursos d’água, em direção ao núcleo administrativo do Tijuco, levaram à formação do conjunto urbano com suas primeiras vias. Entretanto, entre 1731 e 1738, Portugal resolveu implantar o regime de contratos para a extração de diamantes, o que provocou conflitos entre garimpeiros, escravos e os representantes do governador das Minas, D. Lourenço de Almeida.

O resultado da decisão de Portugal para controlar a exploração dessas riquezas foi a criação de uma condição administrativa especial para garantir a hegemonia da Coroa Portuguesa na mineração. Isto se refletiu na evolução da cidade, desfavorecendo a formação de um espaço urbano arquitetônico na forma de uma praça representativa do poder político e religioso, como era então regra geral nas outras cidades mineiras.

O Tijuco cresceu em ritmo acelerado e se desenvolveu especialmente na época dos contratadores de diamantes Felisberto Brant (1748-1751) e João Fernandes de Oliveira (1759-1771). Foram estimuladas as construções, o comércio floresceu, surgiram as primeiras igrejas, e o arraial conheceu tempos de grande prosperidade.

O local ficou conhecido pela exploração de diamantes e a enorme quantidade de pedras que eram extraídas da localidade, tornando-se a maior lavra de diamantes do mundo ocidental, no século XVIII.

Tanta riqueza deu origem a uma aristocracia opulenta e uma das mais requintadas do período colonial mineiro, que ergueu um rico patrimônio arquitetônico. Tornou-se famosa na imaginação popular por ser a terra natal de Juscelino Kubistchek de Oliveira, Presidente da República nos anos 1950 e idealizador de Brasília.

ATUALIDADE

Mercado Velho, atração principal de Diamantina nos fins de semana, movimento que continua atraindo turistas (Foto do Arquivo Notícia Seca)

Mercado Velho, atração principal de Diamantina nos fins de semana, movimento que continua atraindo turistas (Foto do Arquivo Notícia Seca)

Para reeditar com conhecimento de causa Juscelino Kubistchek encontramos F.S.M., de 75 anos, que narrou suas grandes e inesquecíveis aventuras em viagens a cavalo em companhia do político famoso pela região. Depois, no tempo de JK presidente da República, “dei uma volta com ele de helicóptero, pousando no distrito de Mercês, a 70 km de Diamantina, hoje município de Senador Modestino Gonçalves”, afirmou.

Outro personagem importante, uma mulher, D.G. S., de 79 anos, contou, resumidamente, a história de Francisca da Silva, a lendária Chica da Silva: “Era uma mulata, filha de negra e português, nascida em meados do século XVIII, na região de mineração do Tijuco. Disse ela que Chica da Silva foi comprada e alforriada por um contratador de diamantes chamado João Fernandes de Oliveira. “Com ele viveu e teve 13 filhos, segundo diziam meus avós”. finalizou.

O cidadão A.B.R. , de 53 anos e a equipe da Prefeitura apresentaram a cidade à reportagem: o Mercado Velho, em que ele já trabalhou e que hoje só funciona nos fins de semana; o Mercado Novo, onde A.B.R. trabalha; a Praça JK, a Casa de JK e a Catedral Metropolitana de Diamantina, Igreja-Mãe da Arquidiocese e Sede da Paróquia Santo Antônio, criada em setembro de 1819.

VESPERATA

Vesperata, acontecimento de todos os anos, de março a outubro que, logicamente, no ano passado e este ano, não ocorreu devido à pandemia. (Foto: Instituto Estrada Real, 2003)

Vesperata, acontecimento de todos os anos, de março a outubro que, logicamente, no ano passado e este ano, não ocorreu devido à pandemia. (Foto: Instituto Estrada Real, 2003)

Houve um intervalo especial em que se flou daVesperata, tradicional acontecimento na cidade, que  tem sua origem nas práticas musicais tradicionais de Diamantina do século XIX. No período das vésperas músicos se apresentavam nas sacadas dos casarões para tocar para as pessoas que passeavam nas ruas. A tradição prossegue mesmo virtualmente e o show acontece na Rua da Quitanda, no centro histórico da cidade, dois sábados por mês, de março a outubro, quando, normalmente, não chove em Diamantina.

A VIAGEM  CONTINUA

Entre o rarefeito casario local, localizado na estrada que liga o Serro ao Distrito de Milho Verde, a Capela de São Geraldo se destaca na paisagem do seu contorno em tom azul (Foto: Instituto Estrada Real)

Entre o rarefeito casario local, localizado na estrada que liga o Serro ao Distrito de Milho Verde, a Capela de São Geraldo se destaca na paisagem do seu contorno em tom azul (Foto: Instituto Estrada Real)

A participação dos apresentadores do primeiro trecho da Estrada real seguiu-se à Gruta do Salitre, estendendo-se a Vau, localidade situada  a 20 quilômetros, como desde a saída de Diamantina, em estrada de terra batida, quase sem poeira. Os guias municipais retornaram, levaram os agradecimentos especiais da editoria.

Em Vau, a atração é uma ermida histórica, em estilo colonial, enfeitada pela imagem do Senhor Bom Jesus, padroeiro do lugar.

Antes de encerrar o trajeto, a reportagem falou com as  irmãs R e G, de sobrenome Baracho, que contaram fatos ocorridos em intensas  movimentações, por aquelas bandas, de turistas e viajantes. “Se tivéssemos filhos para ajudar, montaríamos uma pousada aqui”, afirmou R.B.

O pernoite ocorreu na  sexta-feira, 19 de novembro, em Três Barras, que se tornaria distrito do Serro, oficialmente, em 19 de outubro de 2007.

Em Três Barras, distrito serrano, destaca-se a  Capela de São Geraldo, do século XX, em barroco, que possui fachada singela e composta por torre única central, salientada pela cobertura em telhado de quatro águas, nave, capela-mor e duas sacristias laterais. Situa-se nas encostas de uma bela serra, que compõe um dos mais agradáveis panoramas naturais do Serro.

Sábado, 20 de novembro será um novo dia, a trajetória será interrompida, o projeto inclui passagem por São Gonçalo do Rio das Pedras e Milho Verde, retornando alguns quilômetros.

Notícia Seca

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