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Acordei com a algazarra dos pássaros e das cigarras. Lembrei-me das tendas que nos deu o Criador para participarmos da sua grandeza: O Cosmo, o Templo, e o nosso corpo. Abri a janela e louvei ao Senhor! Só aí então pude perceber que acordei fazendo parte da primeira tenda: o Cosmo.

Caminhando por entre as árvores e os jardins, pude observar os pássaros, borboletas, formigas, calangos que tranquilamente percorriam por ali, creio que sentindo a minha presença assim como eu sentia a proximidade deles. Naquela sintonia me dei conta da minha parte naquele todo. Cantarolei um refrão no meu pensamento: _ “Senhor quem entrará no Santuário para Te louvar?”. Os pássaros cantavam em alvorada sinfônica, os beija-flores saltitavam de flor em flor numa rítmica acrobacia. Os bem-te­vis não paravam de repetir: _ “Eu vi, bem-te-vi”. Enquanto uma borboleta voava de folha em folha, as árvores deixavam folhinhas serem levadas pelo vento.

Passando pela capela que fica entre o verde da mata e uma cascata nos jardins, entrei e orei o “Pai Nosso” em pensamento. No silêncio Sacramental só se ouviam os sons dos pássaros, o barulhinho acompanhado do frescor da brisa que vinha lá de fora e adentrava no templo. Percebi naquele momento uma oração comunitária e cósmica, partilhando o bem comum. Estava eu, fazendo parte agora da segunda tenda: o Templo.

Fiquei ali por instantes entorpecida pela grandeza do momento, mergulhei no meu espírito, senti as batidas do coração de Deus e descobri que eram as mesmas batidas do meu coração. Lembrei-me de Santo Agostinho:_ “Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora”. Fiquei em paz e percebi a terceira tenda: o meu corpo.

No momento se completou o ciclo da vivência espiritual a que me havia proposto. Deus é o íntimo do meu íntimo. Desfazer as máscaras, abrir os espaços, perceber a função do corpo, os cinco sentidos. Ritmar a oração no ritmo do coração, se entregar e saber que o próprio viver já é uma oração.

E assim, uma orquestra cósmica da qual eu também fazia parte, estava louvando, bendizendo e agradecendo a Deus.

Maria Flor de Maio
Maria Flor de Maio Ferreira Muzzi reside em Caeté-MG. Aposentada como servidor público da Administração Direta do Estado no cargo de Gestor Fazendário. Trabalhou também como professora de Ensino Fundamental em Escolas Estaduais de Caeté. Casada, mãe de três filhos e seis netos; além de escritora, é poetisa.

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