Mosquitos com bactéria Wolbachia têm a capacidade reduzida de transmitir os vírus, diminuindo o risco de surtos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) liberou mosquitos Aedes Aegypti com Wolbachia em mais três regionais da cidade: Barreiro, Leste e Oeste. A ampliação do método foi feita de forma gradativa e, agora, a estratégia abrange todas as nove regiões da capital.
A Wolbachia é um microrganismo intracelular e não pode ser transmitida para humanos ou animais. Mosquitos que carregam essa bactéria têm a capacidade reduzida de transmitir os vírus para as pessoas, diminuindo o risco de surtos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Nem os mosquitos nem a Wolbachia sofreram qualquer modificação genética.
MAIS ÁREAS, MENOS BACTÉRIAS
Antes, foram liberados mosquitos em Venda Nova, Norte e Noroeste da capital mineira e, na segunda etapa, Centro-Sul, Nordeste e Pampulha.
Nas áreas dos centros de saúde Jardim Leblon, Copacabana e Piratininga, onde as ações foram iniciadas em outubro do ano passado, mais de 60% dos mosquitos coletados estão com Wolbachia.
A implantação e a expansão do método Wolbachia é um importante passo da Prefeitura de Belo Horizonte, sempre com o objetivo de melhorar a efetividade das ações de combate ao Aedes Aegypti. Lembrando que a participação da população na eliminação de criadouros é imprescindível, afirma o subsecretário de Promoção e Vigilância em Saúde, Fabiano Pimenta.
O projeto é uma parceria entre a PBH, a World Mosquito Program (WMP) – iniciativa sem fins lucrativos responsável pelo método Wolbachia – e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de ter o apoio do Ministério da Saúde (MS). Segundo a Prefeitura, ação é complementar às demais de controle das arboviroses realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde.
RESULTADO EM QUATRO ANOS
Também faz parte das ações o Estudo Clínico Controlado Randomizado (RCT, sigla em inglês), realizado em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e apoio do MS. O objetivo é fazer um comparativo para verificar a incidência de doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti nos locais de soltura e onde não houve liberação de mosquitos, mas o resultado das ações deve aguardar as análises.
A expectativa é que em até quatro anos, que é o tempo do estudo, seja possível conhecer o impacto do método Wolbachia no controle das arboviroses em Belo Horizonte, explica o pesquisador da Fiocruz e líder do método Wolbachia no Brasil, Luciano Moreira.
Para a implantação do método, a PBH construiu, com recursos próprios, uma biofábrica que produz Aedes com Wolbachia. O método está presente em 11 países, sendo que Belo Horizonte é a primeira cidade do mundo que conta com local próprio, segundo a Prefeitura.