Não há dúvidas de que o grande acerto da diretoria do Ronaldo para o sucesso do Cruzeiro este ano foi a contratação do técnico Paulo Pezzolano. Dentro e fora de campo ele conduziu o grupo com excelência, incutiu espírito vencedor nos jogadores e não admite que baixem a guarda nem em treinos. Mesmo com o objetivo atingido com muita antecedência na Série B, o time parte pra cima dos adversários com muita intensidade.
E devagar, sem nenhum alarde, já molda o elenco para o retorno à Série A. Como o acesso da imprensa aos treinos é muito restrito, pouca gente nota que vários jogadores já estão descartados, porque foram testados durante o atual campeonato e não se mostraram em condições de jogar uma Série A.
Em texto da redação, hoje, o Superesportes faz observações interessantes: “… O zagueiro Wagner, o meio-campista Fernando Canesin e o atacante Waguininho, portanto, não estão mais nos planos. O trio não é relacionado para as partidas do Cruzeiro há algum tempo, ainda que participem das atividades normalmente na Toca da Raposa II.
Já os meio-campistas Pablo Siles e Pedro Castro, por exemplo, estão sempre relacionados para os jogos, mas atuam pouco sob o comando de Paulo Pezzolano. A dupla também tem futuro incerto no Cruzeiro…”
Foto: Gustavo Aleixo/twitter.com/papapezzolano
Sobre o futuro, é claro que o treinador já apresentou uma lista de possíveis contratações à diretoria, mas obviamente não pode torná-la pública. Trecho da coletiva do Pezzolano depois do empate com o Ituano, mostra isso nas entrelinhas: “Pelo que eu sou, acho que não vou conseguir fazer testes. Não vamos ver muito. Eu vejo os jogadores todos os dias. Não se vai ver muitos jogadores que não vinham jogando. Não se vai ver isso. Vai jogar quem estiver melhor em todos os sentidos”.
Ou seja, vai observar muito, até o último jogo, para ter certeza de quem deve ficar e quem deve ser colocado numa barca para procurar outros rumos ano que vem.
A ala “filosófica” da imprensa está exaltando um outro trecho da fala do comandante cruzeirense, quando ele alega “ética esportiva” para não poupar ninguém: “Para mim, a lealdade esportiva, a ética no futebol, é o mais importante. Muitas equipes estão jogando pelo acesso, muitas equipes estão lutando contra o rebaixamento. Eu não posso estar testando contra equipes que estão jogando muito ou contra outra equipe que está esperando o resultado desta equipe, e o Cruzeiro jogando com suplentes, com base. Isso não vou fazer”.
Na linguagem real do futebol, é o famoso “me engana que eu gosto”. Na hora do “vamos ver”, especialmente na Série A, se faz qualquer coisa. Se precisar escalar até time junior para atender aos seus próprios objetivos ou derrubar um “inimigo”, seja por rivalidade ou para evitar um adversário mais complicado na sequência de uma competição “mata-mata”. Ética no futebol é conversa para boi dormir.
Mas o Pezzolano está certíssimo em seu discurso. Como se diz nos “grotões” de Minas e do Brasil (alô Fernando Rocha, de Ipatinga), não se pega galinha gritando “xô”!