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Parque da Água Santa. Um local arborizado, denominado como um ponto turístico. As diversas árvores e arbustos fazem o sol da tarde descansar, escondendo a triste realidade do local durante a noite e madrugada. Uma pequena das muitas “cracolândias” que se formaram em Itabira.

Pais de família, filhos, irmãos, parentes e amigos chegam ao fundo do poço, perambulando pelo local em busca de uma nova dose, mais uma, cada vez mais. Já não existem limites; álcool, drogas e sexo dão a ilusão de liberdade.

As histórias se repetem. Álcool e cigarro foram os caminhos de entrada no mundo das drogas. O crack e as drogas sintéticas, cada vez mais potentes, a estrada da destruição de todos os valores, sentimentos e desejos. Somente um desejo prevalece: o consumo da sua droga de preferência, seja qual for, e com doses cada vez mais mortais.

São seres humanos que merecem um tratamento digno e responsável da doença, assim como qualquer outra. Infelizmente, marginalizados são colocados à parte pela sociedade e até por familiares que desconhecem a doença e o seu poder devastador.

Apesar de todos os esforços da Polícia Militar, todas as semanas, vemos na mídia incontáveis assassinatos, roubos e assaltos, todos para financiar uma nova dose.

Estudos comprovam que o uso indiscriminado de drogas impacta diretamente:

— sistema de saúde;

— acidentes;

— homicídios;

— suicídios;

— roubos; —

violência em geral;

— óbitos;

— evasão escolar;

— aumento da população de rua;

— gravidez precoce,

— mortalidade fetal;

— doenças sexualmente transmissíveis;

— agressão a mulheres e crianças;

— homicídios de pais pelos filhos;

— homicídios de filhos pelos pais;

— estupros de vulneráveis; aumento do encarceramento;

— aumento dos transtornos mentais sem tratamento;

— absenteísmos;

— maior necessidade de segurança e

— aumento da demanda no Judiciário.

Tristeza sem fim. Quantas dores e problemas podem ser evitados se a Síndrome da Dependência, conhecida também como Transtorno por Uso de Substâncias – TUS, fosse tratada como doença e com dignidade.

Como especialista em dependência química e coordenadora do grupo de Amor Exigente de Itabira busco, incansavelmente, que os doentes, dependentes químicos, e familiares, codependentes, possam ter o direito ao resgate de sua cidadania por meio do conhecimento da doença e um tratamento digno. Não existe cura para a doença, assim como a diabetes, mas existe a “recuperação” e o “controle” que não devem ser desprezados.

Até quando Itabira será apenas “um retrato na parede”?

Sônia Rodrigues de Souza
Sônia Rodrigues de Souza é Terapeuta holística e conselheira em toxicodependência, palestrante, professora no Curso de Formação de Conselheiros em Dependência Química no Exército Brasileiro, coordenadora do Grupo Amor Exigente de Itabira.

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